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Junho violeta e o Idadismo: o estigma como violência contra pessoas idosas.

15/06/2024 às 08h47

Por Comissão Temática de Envelhecimento e Trabalho

O idadismo, termo recentemente difundido pelas mídias, foi definido em 1969, por um gerontólogo estadunidense chamado Robert Buttler. Na década de 1980, o termo ganhou notoriedade pelas falas de artistas como Madonna, que recentemente fez um show no Brasil e falou novamente sobre o idadismo.

O termo faz referência à idade e diz respeito a estereotipar, estigmatizar, depreciar e violentar a pessoa idosa, causando danos a velhice com dignidade.

De acordo com o Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), o “preconceito em relação à idade é nocivo à sociedade e pode comprometer a saúde e a dignidade”. Assim o MDHC criou uma campanha “Respeito a todas as fases da vida”, em alusão ao Junho Violeta, para alertar sobre todas as formas de violência contra a pessoa idosa.

Outros termos como ageísmo, gerontísmo, ancianismo, idosismo e velhismo são também usados e todos representam o preconceito etário contra as pessoas idosas.

Importa lembrar que a velhice é compreendida por “um fator biológico, mas também um fator cultural”, segundo Beauvoir (1990, p.20). Essa velhice é estigmatizada na nossa sociedade que vive (produz) e sobrevive (reproduz) da venda da força de trabalho, e esse estigma se caracteriza por dimensões biológica e cultural. 

Considerar que um indivíduo possui uma situação que a/o inabilita para a aceitação social plena, é um entendimento de Goffman sobre estigma (2004, p.4). Essa situação de estigma é atribuída como: estranhamento, diferença, descredito, defeito, fraqueza, desvantagem, incapacidade, por exemplo. Estigmatizar é uma forma de violentar.

A velhice não se mantém em segredo por 
muito tempo na sociedade capitalista. Profissionais politicamente comprometidas/os objetivam “retirar o estigma do atributo diferencial”. Enquanto classe que vive da venda do seu trabalho, não diferente da maioria das/os trabalhadoras/es, a população idosa também se utiliza de suas estratégias para atribuir-se valor, numa sociedade que teima em querer descartar seu corpo, suas histórias e o seu direito a uma vida digna.

De acordo com o Estatuto da Pessoa Idosa (Lei 10.741/2003), “considera-se violência contra a pessoa idosa qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico” (Artigo 19, §1). A violência contra a pessoa idosa são classificadas como: física, psicológica, institucional, patrimonial, financeira, sexual, discriminação, negligência, e as demais manifestações que causam danos.

Casos de idadismo precisam ser denunciados, e o disque 100 é o canal mais utilizado. Para além dele, unidades de Assistência Social, Educação, Saúde entre outras são portas de entrada para registro dos casos de denúncia. 

Outro ponto importante é o do Controle Social, que fiscaliza a efetividade das políticas públicas voltadas a população idosa e que também acolhe as denúncias de negligência e violência. 

REFERÊNCIAS

BEAUVOIR, Simone. A Velhice. Tradução: Maria Helena Franco Monteiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. 

BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2024/junho/entenda-o-que-e-idadismo-e-ajude-a-combater-essa-pratica-discriminatoria#:~:text=O%20termo%20idadismo%2C%20ou%20etarismo,agimos)%20em%20rela%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20idade.

GOFFMAN, Erving. Estigma - Notas Sobre A Manipulação da Identidade Deteriorada. Tradução: Mathias Lambert. 4. ed. Data da Digitalização: 2004. Data Publicação Original: Disponível em: https://www.mprj.mp.br/documents/20184/151138/goffman,erving.estigma_notassobreamanipulacaodaidentidadedeteriorada.pdf. Acesso em: 10 nov. 2021. 

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