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A cidadania plena das mulheres é uma pauta fundamental para o Serviço Social

08/03/2023 às 12h04

O dia 8 de março é um marco da luta das mulheres por direitos e contra as opressões de gênero. Nesta semana, a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou estimativa de que serão necessários em média três séculos para que os direitos das mulheres se equiparem aos dos homens em todo o mundo. Além da histórica desigualdade salarial, da injusta divisão sexual do trabalho, se somam a esse alerta questões como a necessidade dos Estados garantirem os direitos reprodutivos das mulheres, enfrentarem as brechas digitais e as novas facetas da misoginia, agora também perpetrada em discursos de ódio pelas plataformas digitais. 

O quadro global de piora da desigualdade de gênero também tem como pano de fundo, o acirramento de conflitos geopolíticos, a emergência do neoconservadorismo e os processos de desdemocratização. É nesse cenário, com nuances específicas em cada território, que as mulheres vão às ruas nesta quarta-feira.

“Trata-se de um dia que celebra a luta histórica das mulheres por espaços de igualdade e direitos. Os movimentos feministas de todo mundo se unem para dar visibilidade às pautas intersectadas por uma diversidade de mulheres. O tema deste 8 de março no ato de Recife expressa bem isso, Mulheres nas ruas contra o racismo, feminicídio, transfeminicídio, encarceramento em massa, pela legalização do aborto, por uma democracia popular e sem anistia para golpistas”, afirma Shirley Samico, assistente social, integrante da Marcha Mundial de Mulheres e 1ª tesoureira do CRESS-PE.

A perspectiva interseccional é fundamental para a garantia dos direitos e da cidadania plena das mulheres. O enfrentamento às opressões precisa estar vinculado às lutas anti racista, anti LGBTQIA+fóbica e anticapacistista. “8 de março é dia de luta! Não me venha com flores ou cartões prontos com frases piegas que reforçam, de maneira machista e patriarcal, a fragilidade feminina. Eu sou forte, eu sou humana, eu sou minha própria revolução! Mulheres com deficiência sofrem discriminação duas vezes: primeiro por ser mulher, segundo por ter deficiência; basta de hipocrisia e violações de direitos!”, destaca Renata Maia, Assistente Social da Secretaria de Saúde da Prefeitura do Recife. Mulher com deficiência; Membro e Comissão do Coletivo SeSo Anticapacitista.

As relações de gênero atravessam o Serviço Social

Para Shirley Samico, a categoria de assistentes sociais, formada por 90% de mulheres, acaba sendo atravessada também pelas desigualdades de gênero. O cotidiano das assistentes sociais não está separado da conjuntura maior em que pese as dificuldades enfrentadas pelas mulheres. Temos jornadas contínuas, recebemos menos salários, temos menos tempo para profissionalização e capacitação. Assim, o reforço é a defesa para alargar os direitos através das políticas públicas de Estado que assegurem patamares civilizatórios de igualdade de gênero”, analisa. 

A assistente social e agente fiscal Joseilma Soares corrobora com essa percepção. “A questão de gênero faz parte da nossa construção social, histórica e cultural. Papéis são atribuídos socialmente ao homem e a mulher,  reforçando o binômino da dominação e exploração. Nós, assistentes sociais, precisamos atuar na desconstrução da naturalização desses papéis, visto que o cotidiano profissional é permeado por demandas contornadas pelas relações de gênero e temos estabelecidos como princípios profissional a liberdade como valor ético central, a defesa intransigente dos direitos humanos, a ampliação e consolidação da cidadania,  posicionamento em favor da equidade e a justiça social,  assim como o empenho na eliminação de todas as formas de preconceito. Além de um exercício profissional sem ser discriminado/a e nem discriminar. Portanto, precisamos discutir e prover ações profissionais que contribuam com a eliminação da desigualdade de gênero para que possamos ter uma sociedade justa e igualitária”, avalia. 

O Serviço Social traz para si a responsabilidade de enfrentar todas as formas de opressão. No ano passado o tema do 15 de maio, Nós mulheres assistentes sociais de luta,  estava vinculado justamente ao enfrentamento das desigualdades de gênero e à visibilidade do papel das mulheres assistentes sociais no fortalecimento da profissão e para a promoção de uma sociedade mais justa para todas as pessoas.  

“Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, não poderíamos deixar de reafirmar o compromisso da categoria de Assistentes Sociais na defesa permanente dos direitos das mulheres e no combate à desigualdade de gênero. Esse compromisso deve ser cotidiano no exercício profissional como orienta o nosso Código de Ética Profissional e nesse sentido, reconhecemos que ainda há muito o que se fazer para que essa desigualdade seja superada. Temos que romper com as estruturas do capitalismo patriarcal, romper com o preconceito, com o machismo, com a exploração sexual e tráfico de mulheres e principalmente com a violência contra nós, mulheres”, pontua Márcia Cavalcanti, assistente social e agente fiscal do CRESS-PE.

“Nossa profissão tem compromisso com a defesa dos direitos humanos e a justiça social. E esse debate passa necessariamente pelo enfrentamento das desigualdades de gênero. Saímos recentemente de uma situação de isolamento social através da pandemia da COVID e o trabalho dos cuidados e a violência é uma pauta clara e urgente. Este primeiro, por exemplo, apesar de ser uma tarefa de todas(os) que habitam uma casa, recaí sobre as mulheres. E essa desigualdade é intensificada com a ausência de serviços públicos como creches, centro dia entre outros que fazem com que as mulheres sejam a única responsável pela tarefa dos cuidados. Um relatório da Oxfam afirma que, em todo o mundo, cerca de 42% das mulheres não conseguem encontrar emprego por conta do trabalho que dedicam à casa e à família, enquanto apenas 6% dos homens enfrentam esse entrave. Atuamos na defesa de ampliação de políticas para mulheres e serviços públicos que reduzam essas desigualdades de gênero”, complementa Shirley Samico.

A concentração do ato público "Mulheres nas ruas contra o racismo, feminicídio, transfeminicídio, encarceramento em massa, pela legalização do aborto, por uma democracia popular e sem anistia para golpistas" acontecerá nesta quarta-feira (08), a partir das 14h, no Parque 13 de Maio, no centro do Recife.

 

Pela vida de todas as Marias!

Leila Benício, assistente social, coordenadora do Serviço Social do IMIP

E hoje, dia 8 de março, em uma casa na Vila dos Desesperados, s/n, nasceu Maria. 

Maria de quê?

Só Maria. De Severina e não sei lá quem. 

Maria, filha da desigualdade social, cuja mãe quase foi mais um número nas estatísticas de feminicídio. 

Como será a infância de Maria?

Se der sorte, ela vingará. É que não há cobertura de saúde em seu território. 

Maria talvez não tenha agasalho, nem colo.

A escola fica muito distante da sua casa. 

Talvez possa receber algum benefício social.

Brincará nas ruas, com meninos que não lhe pedirão permissão para namorar. E seu vizinho adulto, a chamará para algo mais em sua casa, pedindo-lhe silêncio ou nunca mais verá a sua mãe.

E o que Maria será quando crescer?

Deverá ser o que ela quiser.

Será símbolo da resistência, juntando-se a todas as outras Marias, que não aceitam as determinações sociais que as sufocam. Que não se calam frente aos preconceitos de classe, de raça,  de gênero. 

Que ante todas as expressões da questão social, gritarão por mais políticas públicas de qualidade, por mais representatividade nos espaços de poder, e por um lugar chamado liberdade.

Que neste dia 8 de março, todas, todos e todes assistentes sociais possam se juntar às lutas de todas as Marias, na defesa intransigente dos direitos sociais, se posicionando radicalmente contra o patriarcado de uma sociedade opressora.

E que possamos entoar: algum dia todas as Marias hão de viver plenamente.

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